Desprovido de títulos académicos e exemplo de autodidata, possuidor de um estilo nacionalista e francamente hiperbólico, Gervásio Lima (1876-1945) foi um dos mais fecundos escritores açorianos da sua época. Para além do jornalismo, dedicou-se à poesia, ao conto, ao teatro, à monografia e à investigação histórica e etnográfica. Pouco preocupado com o rigor científico, deixava-se levar pela imaginação. Deu alma e corpo a heróis terceirenses, transformando-os em verdadeiros mitos populares. Como poeta foi ultrarromântico. Munido de lápis e papel, foi um dos primeiros investigadores a fazer, na ilha Terceira, recolha de materiais de cultura popular, nomeadamente as quadras de cantadores, improvisadores e outros poetas populares, sobre quem viria depois a publicar várias coletâneas. A sua obra maior é A Pátria Açoreana (1928). Este terceirense que, em discurso inflamado, perseguiu o objetivo de "divulgar as glórias açoreanas, as belezas e primores da terra-mater", deixou-nos quarenta e cinco publicações editadas ao longo de uma vida dedicada ao estudo e à pesquisa.