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VI Tertúlia de investigação - 11/10/2022

“Do Theatro ao Império: a memória espiritual e arquitetónica dos espaços de culto ao Divino Espírito Santo.” é este o título da futura tese de doutoramento de Beatriz Martins Corvelo que será apresentada à Universidade de Évora e tema da Tertúlia de Investigadores neste mês de outubro.
Mais uma vez embarca-se no estudo dos espaços de culto ao Divino Espírito Santo. Aqui, evidenciando-se a memória espiritual e arquitetónica como temática principal. Centraliza-se o edificado do Império, antigo Theatro, como elemento fundamental, cenográfico e central desta forma de identidade. Procura-se mostrar como uma tipologia arquitetónica consegue suportar uma crença religiosa e um culto que tem raízes muito anteriores à descoberta das ilhas. As formas de culto estão intrinsecamente relacionadas com a geografia dos lugares, e os elementos arquitetónicos inspirados pelo passado funcionam como apaziguadores das fúrias do sobrenatural. Aqui prende-se o conceito de memória cultural e de identidade. Será ainda destacada a relação do homem com o sagrado e o profano, e a forma como as festividades do Divino Espírito Santo nos Açores, mais propriamente na ilha Terceira se enquadram nesta pluralidade mística, aliando-se de uma cenografia própria e culturalmente enraizada nas gentes da ilha.
O que se pretende atingir com esta investigação é mostrar o paralelismo existente com a herança clássica, não só através das formas, mas sobretudo através da identidade das gentes das ilhas, que desde o berço fazem parte deste culto classicizante. Aqui, importa acima de tudo o edifício como palco e elemento central e difusor de cultura, identidade e memória. Partindo de uma arquitetura, demonstrar que a ideologia clássica continua a ser central na cultura ocidental, terceirense em particular, e que a identidade de um povo não tem barreiras geográficas, sendo que identitáriamente todos nos relacionamos e nos revemos nas bases fundadoras da civilização e da sociedade.
A cultura do espírito continua a ser privilegiada, tal como defendiam as civilizações ditas clássicas, porque existem questões que são centrais na formação humana. Pretende-se compreender o comportamento de uma população na sua íntima ligação com o Divino e como um único elemento arquitetónico consegue fazer esta mesma ligação de forma concreta, permitindo uma continuidade de um culto que transcende as linhas do visível.